30/12/2015

96- O amor: virtude das virtudes

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3Em nome da graça que me foi concedida, eu digo a cada um de vocês: não tenham de si mesmos conceito maior do que convém, mas um conceito justo, de acordo com a fé, na medida que Deus concedeu a cada um (Rm 12, 3).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Qual é a devoção das devoções? O amor. Qual é a virtude das virtudes? O amor. Qual é a vitória das vitórias, o triunfo dos triunfos? O amor*.



REFLEXÃO: O amor é a revelação de nosso mais profundo valor, identidade e significação pessoal. Mas essa revelação permanece impossível enquanto formos prisioneiros de nosso egoísmo. Não posso me encontrar em mim mesmo, somente num outro. Meu verdadeiro sentido e valor me são mostrados não na avaliação que faço de mim mesmo, mas nos olhos daquele que me ama; e este deve me amar como sou, com minhas falhas e limitações, revelando-me a verdade de que essas falhas e limitações não podem destruir meu valor a seus olhos; e que tenho, portanto, valor como pessoa, a despeito de minhas falhas, a despeito das imperfeições do meu “pacote” exterior. O pacote não tem nenhuma importância. O que importa é essa mensagem infinitamente preciosa que só posso descobrir no meu amor por uma outra pessoa. E essa mensagem, esse segredo, não me é plenamente revelado a menos que, ao mesmo tempo, eu seja capaz de ver e compreender o valor único e misterioso daquele que amo[1].






[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2004. p. p. 36-37

25/12/2015

100- Vida comum interior

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Irmãos, se alguém for apanhado em alguma falta, cabe a vocês, que são espirituais, corrigir com mansidão a essa pessoa. E cada um que se cuide, para não ser tentado também. 2Carreguem os fardos uns dos outros, e assim vocês estarão cumprindo a lei de Cristo (Gl 6,1-2).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Ninguém está seguro da sua vida sem a disciplina interior. Antes de tudo, vida comum interior.



REFLEXÃO: Na religiosidade de certos religiosos e religiosas mostra-se muitas vezes ainda uma grande medida de infantilidade[1]. Amadurecimento humano significa que uma pessoa desabrocha, que torna visível o que há dentro dela em termos de possibilidades e capacidades; quando em torno dela há florescimento e frutos. E a maturidade se mostra também quando ela sabe lidar bem consigo mesma e com as outras pessoas, quando é capaz de relacionar-se e de trabalhar em equipe. Características da maturidade humana são serenidade, paz interior, vivacidade e abertura, fecundidade e criatividade[2].







[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.185.
[2] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.9.

23/12/2015

95- O Mestre deu-nos o exemplo

SÃO PAULO APÓSTOLO: 26Portanto, irmãos, vocês que receberam o chamado de Deus, vejam bem quem são vocês: entre vocês não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. 27Mas, Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte (1 Cor 1,26-27).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Jesus ganha as almas não pela força física, material, mas com a força do seu amor. Jesus reina com amor.



REFLEXÃO: Se é, de fato, necessária certa maturidade para viver em comunidade, também o é uma cordial vida fraterna para o amadurecimento do religioso. Diante da eventual constatação de uma diminuída autonomia afetiva no irmão ou na irmã, deveria vir a resposta da comunidade em termos de um amor rico e humano, como o do Senhor Jesus e de tantos santos religiosos; um amor que compartilha os temores e as alegrias, as dificuldades e as esperanças, com aquele calor que é próprio de um coração novo que sabe acolher a pessoa inteira[1].





[1] A vida fraterna em comunidade, 1994, n.37

18/12/2015

99- Conviver exige renúncia

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3A vontade de Deus é que vivam consagrados a ele, que se afastem da libertinagem, 4que cada um saiba usar o próprio corpo na santidade e no respeito, 5sem deixar-se arrastar por paixões libidinosas, como os pagãos que não conhecem a Deus. 6Quanto a isso, que ninguém ofenda ou prejudique o irmão (1 Tes 4,3-6).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A vida comum é fonte de muitos méritos pela renúncia contínua de nós mesmos. Jamais entenderíamos o que é a humildade, a doçura, a paciência, a resistência às injúrias (...), a caridade fraterna levada até à imolação de si mesmo se não lêssemos e não meditássemos os exemplos e as lições de Nosso Senhor sobre estas virtudes.



REFLEXÃO: É frequente encontrarmos religiosos de personalidade desequilibrada, desarmônica, e até com excelente competência em áreas profissionais, mas com lacunas evidentes na sociabilidade... Incapazes de ter uma vida verdadeiramente participativa nas suas comunidades. Comunicadores brilhantes fora de casa... Analfabetos no diálogo em casa, entre coirmãos e coirmãs, incapazes até de esboçar uma pequena saudação ou cumprimento[1].




[1] COLOMBERO, Giuseppe. Vida religiosa da convivência à fraternidade. São Paulo: Paulus, 2003, p. 17.

16/12/2015

94 - O reino de amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3Fornicação, impureza e avareza não sejam nem assunto de conversa entre vocês, pois isso não convém a cristão. 4O mesmo se diga a respeito de piadas indecentes, picantes ou maliciosas. São coisas inconvenientes. Em vez disso, deem graças a Deus. 5Estejam certos de uma coisa: nenhuma pessoa imoral, impura ou avarenta - pois a avareza é uma idolatria - jamais terá herança no reino de Cristo e de Deus (Ef 5,3-5).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A caridade divina é o cartão para a entrada no reino eterno, no reino do amor.



REFLEXÃO: Tudo procede do amor, tudo está ordenado à salvação do homem, Deus não faz nada que não seja a esta finalidade[1].






[1]  Catecismo da Igreja Católica, Apud. Santa Catarina de Sena, n.313.

13/12/2015

52. Não somos uma comunidade de perfeitos

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Homem, você julga os outros? Seja quem for, você não tem desculpa. Pois, se julga os outros e faz o mesmo que eles fazem, você está condenando a si próprio. 21Muito bem! Você ensina aos outros e não ensina a si próprio! (Rm 2,1; 21).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Saibamos compreender os irmãos com são realismo, as suas deficiências, aceitando-nos reciprocamente na paciência, já que a nossa comunidade não é comunidade de perfeitos, e sim de pessoas empenhadas no esforço de “conversão contínua”.

REFLEXÃO: A falta de capacidade de diálogo manifesta-se não somente em discussões sobre os objetivos da comunidade, mas em cada conversa. Além disso, por toda parte penetram sentimentos reprimidos, não admitidos, não verbalizados. Quase não se tem coragem de mostrar o que se sente, por medo de ser ridículo, de congelar-se com a frieza e o fechamento de alguns irmãos. Quando não se  pode manifestar sentimentos, ou se tem medo de fazê-lo, também não é possível permitirem-se fraquezas. Por isso, muita gente na vida religiosa esconde suas fraquezas atrás da aparência de um religioso ou uma religiosa perfeitos. No entanto, o que se nega em sentimento e fraqueza, falta em vigor e honestidade[1]


[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.130,131

11/12/2015

98- Amar e encorajar a todos

SÃO PAULO APÓSTOLO: 22Fuja das paixões da juventude; siga a justiça e a fé, o amor e a paz com aqueles que invocam de coração puro o nome do Senhor. (2Tm 2, 22).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Amar a todos e encorajar a todos, ainda que pareçam teimosos. “Não tenhais medo”.



REFLEXÃO: Para amar alguém como pessoa, temos de começar por conceder-lhe autonomia e identidade próprias como pessoa. Temos de amá-lo por causa daquilo que ele é em si mesmo e não por causa do que ele é para nós. Havemos de amá-lo para o seu próprio bem, não pelo bem que dele retiramos. Ora, isso é impossível se não formos capazes de um amor que nos ‘transforma’, por assim dizer, no outro, tornando-nos capazes de ver as coisas como ele as vê, de amar o que ele ama, de experimentar as mais profundas realidades de sua vida como se fossem nossas. Sem sacrifício, tal transformação não é possível. Entretanto, se não somos capazes dessa espécie de transformação ‘no outro’ enquanto permanecermos nós mesmos, não estamos ainda aptos para uma existência plenamente humana[1].



[1] MERTON, Thomas. Questões abertas. Agir, Rio de Janeiro, 1963. p. 121.

09/12/2015

93 - Sacrifícios do amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. 5E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,3-5).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O amor também nos leva a aceitar as cruzes e doenças pelo amor a Deus. 



REFLEXÃO: Para encontrarmos Deus em nós, temos de parar de olhar para nós mesmos, de nos inspecionar e verificar no espelho da nossa futilidade; devemos contentar-nos em ser em Deus e de fazer o que Ele quiser, conforme as nossas limitações, julgando os nossos atos não à luz das nossas ilusões, mas à luz da Sua realidade que nos cerca nas coisas e pessoas com quem vivemos[1].





[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.111

06/12/2015

51. A unidade em Cristo


SÃO PAULO APÓSTOLO: 19Juntos recitem salmos, hinos e cânticos inspirados, cantando e louvando ao Senhor de todo o coração. 20Agradeçam sempre a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. 21Sejam submissos uns aos outros no temor a Cristo (Ef 5,19-21).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O pecado rompe a unidade; e agora há uma grande desordem. A razão deveria governar o coração e o coração deveria fazer resplandecer de amor a razão; e a vontade, removidos os obstáculos das paixões e fortificada pela razão, teria feito o bem: eis a unidade. Refazer a unidade em Cristo.

REFLEXÃO: Será que realmente renunciamos a nós mesmos e ao mundo para encontrar Cristo? Ou renunciamos ao nosso eu falso e alienado para escolher nossa verdade mais profunda ao escolher o mundo e Cristo ao mesmo tempo? Se o alicerce mais profundo do meu ser é amor, então nesse próprio amor, e em nenhum outro lugar, encontrarei a mim mesmo, ao mundo e a meu irmão e irmã em Cristo. Não é uma questão de ‘isto ou aquilo’, mas de tudo em um. Não é uma questão de exclusividade e ‘pureza’, mas de integridade, inteireza, unidade e da gleichheit (igualdade) de Mestre Eckhart, que encontra o mesmo fundamento de amor em tudo[1].



[1] MERTON, Thomas. Contemplação num Mundo de Ação. Petrópolis: ed. VOZES, 1975, p.154-155

04/12/2015

97- Semear o amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 6Quem é instruído na Palavra, torne participante em toda sorte de bens aquele que o instrui. 7Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá aquilo que tiver semeado. 8Quem semeia nos instintos egoístas, dos instintos egoístas colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 6,6-10).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A bela palavra com a qual Jesus concluirá a história do mundo é uma palavra com o metro do amor.



REFLEXÃO: Existe uma falsa e momentânea felicidade na satisfação egoísta, mas ela nos leva sempre à tristeza, porque amesquinha e enfraquece o nosso espírito. A verdadeira felicidade encontra-se no amor generoso, no amor que aumenta à medida que é repartido. Não há limite na partilhabilidade do amor, e por isso a felicidade virtual desse amor é infinita. A lei da vida íntima de Deus é a infinita doação. Ele estabeleceu como lei do nosso ser a comunicação de nós mesmos, e assim é que o melhor modo de amar a si mesmo é amar os outros. É na atividade desinteressada que melhor realizamos as nossas capacidades de ser e de agir[1]




[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.19

02/12/2015

92 - Gerar o amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 6Que a conversa de vocês seja sempre agradável, temperada com sal, sabendo responder a cada um como convém (Cl 4,6). 26Não sejamos ambiciosos de glória, provocando-nos mutuamente e tendo inveja uns dos outros (Gl 5,26). 7Vejamos: em que você é mais do que os outros? (1 Cor 4,7).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O orgulho divide, a humildade une porque gera o amor.



REFLEXÃO: Uma pessoa é definida em termos de liberdade, portanto em termos de responsabilidade também: responsabilidade para com outras pessoas, responsabilidade pelas outras pessoas. Em termos concretos, o cristão não é apenas alguém que busca a expansão e o desenvolvimento de sua própria individualidade e a satisfação de suas mais legítimas necessidades naturais, mas alguém que se reconhece responsável pelo bem dos outros, pela realização temporal e eterna salvação deles. Pois hoje o mundo todo está estreitamente ligado por laços econômicos, culturais e sociológicos que nos tornam todos, em certa medida, responsáveis pelo que acontece aos outros nos lugares mais distantes da Terra. O homem é hoje não apenas um ser social; sua natureza social transcende os limites regionais e nacionais e, gostemos ou não, temos de pensar em termos de uma só família humana, um só mundo[1].






[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2004. p. 161-162.

29/11/2015

50. Amar e compreender

SÃO PAULO APÓSTOLO: 9Este é o meu pedido: que o amor de vocês cresça cada vez mais em perspicácia e sensibilidade em todas as coisas. 10Desse modo, poderão distinguir o que é melhor, e assim chegar íntegros e inocentes ao dia de Cristo (Fl 1,9-10).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Saber compreender-se: este é o primeiro passo em direção a uma convivência que, mais do que a de boa vizinhança, é a de um parentesco sui generis, pois é comunhão de pensamento, de espírito e de aspirações. Quem é fiel nas pequenas coisas, o será também nas grandes. Quem ama será amado; quem não ama não será amado.

REFLEXÃO: Na realidade, o amor é uma força positiva, um poder espiritual transcendente. É, de fato, o poder criativo mais profundo na natureza humana. Enraizado nas riquezas biológicas de nossa herança, o amor floresce espiritualmente como liberdade e como resposta da criatura à vida num encontro perfeito com uma outra pessoa. É uma apreciação viva da vida como valor e como dom. Responde à fecundidade, à variedade e à total riqueza da própria experiência viva; ele ‘conhece’ o mistério interior da vida. Deleita-se com a vida como uma fortuna inesgotável. O amor aprecia essa fortuna de uma maneira impossível ao conhecimento. O amor tem a sua própria sabedoria, sua própria ciência, sua própria maneira de explorar as profundezas interiores da vida no mistério da pessoa amada. O amor sabe, compreende e satisfaz as exigências da vida, na medida em que responde com calor, abandono e entrega[1].



[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. São Paulo: Martins Fontes Editora, 2004. p.35-36

25/11/2015

91 - Qual é o mais belo dom?

SÃO PAULO APÓSTOLO: 16Evite o palavreado inútil dessa gente que se vai tornando cada vez mais ímpia; 17a palavra deles é como gangrena que se alastra (1 Tm 2,16-17).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Comunicar e transmitir o bem é o mais belo dom que se pode fazer a quem se ama.



REFLEXÃO: O que nos é pedido é apenas uma coisa: amar; e, se algo pode consegui-lo, é certamente esse amor que há de tornar, tanto a nós quanto o próximo, dignos. De fato, isso é uma das coisas mais importantes em matéria de amor. Não existe neste mundo outra maneira de tornar alguém digno de amor senão amando-o. Logo que alguém reconhece ser amado – se não é tão fraco que não suporte mais ser amado – sente-se instantaneamente transformado e a caminho de ser digno de amor. Procurará, então, corresponder, extraindo das profundezas do seu ser um misterioso valor espiritual, uma identidade nova, chamada a existir pelo poder do amor que lhe é dedicado[1].





[1]  MERTON, Thomas. Questões abertas. Agir, Rio de Janeiro, 1963. p. 145.

22/11/2015

49. O humor e a simplicidade

SÃO PAULO APÓSTOLO: 13Sejam vigilantes, permaneçam firmes na fé, sejam homens, sejam fortes. 14Façam tudo com amor. 16Sejam atenciosos para com pessoas de tal valor e para com todos os que colaboram e se afadigam na mesma obra (1 Cor 16,13-14; 16).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Cultivar a estabilidade no humor e a simplicidade, para não orgulhar-se no sucesso e não desanimar nas adversidades.

REFLEXÃO: Para favorecer a comunhão dos espíritos e dos corações daqueles que, são chamados a viver juntos numa comunidade, parece oportuno recordar a necessidade de cultivar as qualidades requeridas em todas as relações humanas: educação, gentileza, sinceridade, controle de si mesmo, delicadeza, senso de humorismo e espírito de partilha[1].




[1] A vida fraterna em comunidade, 1994, n.27

18/11/2015

90- Formar a consciência

SÃO PAULO APÓSTOLO: 16Se os primeiros frutos são santos, toda a massa também será santa; se a raiz é santa, os ramos também serão santos. 17Se alguns ramos foram cortados, e você, oliveira selvagem, foi enxertada no lugar deles e agora recebe a seiva das raízes, 18não se envaideça nem despreze os ramos. Se você se orgulha, saiba que não é você que sustenta a raiz, mas é a raiz quem sustenta você (Rm 11,16-18).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Quando temos a consciência bem formada, não agimos segundo as circunstâncias, atrações ou impressões, mas segundo os princípios e disposições recebidas... Da mente nasce tudo. É muito importante disciplinar a inteligência porque a luz passa da mente à vontade para fazer o bem; da inteligência esclarecida provém uma consciência segura que, por sua vez, regula a vida moral e sobrenatural, disciplinando o coração. 



REFLEXÃO: Não posso exercer boas escolhas, a menos que desenvolva uma consciência bem madura e prudente, em condições de oferecer-me uma percepção acurada dos meus motivos, das minhas intenções e dos meus atos morais. A palavra que aqui se deve por em relevo é madura. A consciência imatura é aquela que baseia os seus juízos parcialmente ou, mesmo, por inteiro, sobre as disposições dos outros a respeito das suas decisões. O bem é o que é admirado ou aceito pelas pessoas com quem vive. O mal é o que as irrita ou contraria. Mesmo quando a consciência imatura não é inteiramente dominada por outros, ela só age como representante de uma outra consciência. A consciência infantil não é senhora de si mesma[1]





[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.39

15/11/2015

48. Um só querer

SÃO PAULO APÓSTOLO: 5O Deus da perseverança e da consolação conceda que vocês tenham os mesmos sentimentos uns com os outros, a exemplo de Jesus Cristo (Rm 15,5).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Somos muitas pessoas, mas deve haver um só espírito, um só amor, um só pensamento, um só querer: o de Cristo.

REFLEXÃO: A interioridade é o que temos de mais precioso. A interioridade é a familiaridade com a própria vida intima, centrada mais no sentir que no fazer, é a capacidade de nos levarmos rapidamente para o centro, onde reside o nosso verdadeiro eu, onde penetram as nossas raízes, onde está tudo aquilo em que acreditamos e que amamos, a nossa filosofia ou teologia de vida, os valores, o mapa da nossa existência... Aqui está o segredo da paz profunda e da alegria de crer e de estar junto[1].  



[1] COLOMBERO, Giuseppe. Vida religiosa da convivência à fraternidade. São Paulo: Paulus, 2003, p. 123,124

11/11/2015

89- Para crescer no amor de Deus

SÃO PAULO APÓSTOLO: 17Se alguém está em Cristo, é nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma realidade nova apareceu (2 Cor 5,17).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Dentre os sacrifícios, a vida comum é o mais útil ao estado religioso para crescer no amor a Deus.



REFLEXÃO: Quem escolhe a vida consagrada decide viver com outros, seus semelhantes, numa comunidade. Como consequência, crescer na vida espiritual implica também crescer no modo de estar com os outros e apurar sempre mais o próprio estilo de comunicação. Isso significa que errar ou ser carente no plano da sociabilidade equivale a falhar ou ser carente também como sujeito religioso[1].





[1] COLOMBERO, Giuseppe. Vida religiosa da convivência à fraternidade. São Paulo: Paulus, 2003, p. 6

08/11/2015

47. Temperamentos diversos

SÃO PAULO APÓSTOLO: 8A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; 9a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; 10a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. 11Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer (1 Cor 12,8-11).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Na comunidade religiosa mais perfeita que possais imaginar, encontrareis inevitavelmente os caracteres mais opostos, e isso pode ser explicado com toda facilidade. A variedade das disposições dos pais que oferecem à religião os seus filhos, as características de cada uma das regiões que dão à índole colorações totalmente particulares e a indefinida diversidade de humores fazem com que se encontrem juntos na mesma casa, da manhã à noite, em todas as horas do dia, sempre perto uns dos outros, temperamentos calmos e irrequietos, reflexivos e volúveis, serenos e assustados, equilibrados e fantásticos etc.

REFLEXÃO: Não somos todos iguais, e não devemos ser todos iguais. Todos nós somos diversos, diferentes, cada qual com as suas próprias qualidades[1].



[1] Papa Francisco, Audiência Geral, 9 de Outubro de 2013.

04/11/2015

88- Amar os pecadores

SÃO PAULO APÓSTOLO: 18Ninguém se iluda. Se alguém de vocês pensa que é sábio segundo os critérios deste mundo, torne-se louco para chegar a ser sábio; 19pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus (1 Cor 3,18-19). 27Uma só coisa: comportem-se como pessoas dignas do Evangelho de Cristo (Fl 1,27).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O coração humano é um mistério; é preciso compadecer-se, rezar e ajudar os mais necessitados. Jesus amava os pecadores de uma maneira especial.



REFLEXÃO: Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até o fim. Sabendo que chegara a hora de partir deste mundo para voltar a seu Pai, no decurso de uma refeição lavou-lhes os pés e deu-lhes o mandamento do amor[1].




[1] Catecismo da Igreja Católica, n.1337.

01/11/2015

46. As conveniências sociais

SÃO PAULO APÓSTOLO: 9Não nos cansemos de fazer o bem; se não desanimarmos, quando chegar o tempo, colheremos. 10Portanto, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, especialmente aos que pertencem à nossa família na fé (Gl 6,9-10).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: É grande erro ignorar, ou fingir ignorar, as conveniências sociais: a urbanidade dos modos e as demonstrações de estima facilitam os caminhos da convivência alegre e conferem uma superioridade respeitada.

REFLEXÃO: Em primeiro lugar, uma comunidade viva se caracteriza pelo fato de que seus membros nela se sentem bem, em casa. O relacionamento é marcado pela confiança e simpatia, pelo interesse nas outras pessoas e pela experiência de ser bem-vindo; por uma atmosfera cordial, que se alimenta da certeza de que seus membros estão a caminho juntos, em termos humanos e espirituais. Cada pessoa tem o direito de ser como é[1].



[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.159,160.

28/10/2015

87 - A lei do amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 14Abençoem os que perseguem vocês; abençoem e não amaldiçoem. 15Alegrem-se com os que se alegram, e chorem com os que choram. 16Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza, mas se afeiçoem às coisas modestas. Não se considerem sábios (Rm 12,14-16).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A lei do amor está acima de tudo e se opõe ao rancor, que é conservar a lembrança dos desgostos recebidos e desejar a vingança; A lei do amor se opõe à inveja.



REFLEXÃO: O amor é a revelação do nosso sentido, valor e identidade pessoais mais profundos. Mas esta revelação é impossível enquanto formos prisioneiros de nosso egoísmo. Não posso me encontrar em mim mesmo, mas só em outro. Meu verdadeiro sentido e valor me são mostrados não na avaliação que faço de mim mesmo, mas nos olhos de quem me ama; e este deve me amar como sou, com minhas falhas e limitações, revelando-me a verdade de que essas falhas e limitações não podem destruir meu valor aos olhos daquele que me ama; e que sou, portanto, valioso como pessoa, a despeito de minhas falhas, a despeito das imperfeições do meu “pacote” exterior. O pacote é totalmente desimportante. O que importa é essa mensagem infinitamente preciosa que só posso descobrir no meu amor por outra pessoa. E essa mensagem, esse segredo, só me é plenamente revelado se, ao mesmo tempo, eu for capaz de ver e entender o valor singular e misterioso daquele que amo[1].





[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2004. p. 36-37.

25/10/2015

45. Estima, respeito e ajuda mútua

SÃO PAULO APÓSTOLO: 19Apesar disso, o sólido alicerce colocado por Deus permanece, marcado pelo selo desta palavra: "O Senhor conhece os que são seus". E ainda: "Afaste-se da injustiça todo aquele que pronuncia o nome do Senhor (1 Tm 2,19)."

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Encontrar-se, ouvir-se, considerar-se mutuamente, além da reta intenção, serão modos de entendimento, de paz, de maior fruto. Dá a cada um o que lhe é devido: a estima, o respeito, a ajuda mútua.

REFLEXÃO: O diálogo se alimenta da igualdade radical na diferença. Não valemos mais nem menos. Somos diferentes. Só há convivência com o diferente. Sinal de sanidade psíquica. O lugar de aprender a conviver são naturalmente as experiências de vida em grupo, em equipe, em comunidade, começando pela família. Aprender a viver juntos exige precisamente a capacidade de administrar o conflito, as divergências, as diferenças com alegria, paz e serenidade[1].



[1] LIBÂNIO, João Batista. A arte de formar-se. São Paulo: Edições Loyola, 2014, p. 114, 117, 121.

18/10/2015

44. Conservar a própria personalidade

SÃO PAULO APÓSTOLO: 10Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus. 11Quem conhece a fundo a vida íntima do homem é o espírito do homem que está dentro dele. Da mesma forma, só o Espírito de Deus conhece o que está em Deus (1 Cor 2,10-11).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A vida comum exige sociabilidade. Mas não gregarismo, a ponto de assimilar tudo do ambiente e dos companheiros deixando-se guiar cegamente até perder a própria personalidade. Acompanhar-se e ao mesmo tempo segregar-se; não deixar-se absorver pela vida coletiva, pelas leituras vazias, pelo rádio, cinema, televisão, até chegar a uma espécie de estupidez, de passividade, escravidão, falta de reflexão e de ideias próprias e dominantes.

REFLEXÃO: Aprender a conviver exige uma delicadeza respeitosa ao diferente em todas as relações. Implica perceber a dialética da identidade e diferença. Consiste em manter a própria identidade sem que ela destrua a diferença do outro. Apreciá-la sem que anule a si mesma. Supõe reconhecer como outro, a saber, não eu. No nível de reflexão abstrata, parece claro. No concreto, facilmente projetamos os próprios problemas, qualidades, desejos, sonhos nos outros ou, o contrário, assumimos tudo isso dos outros, negando o nosso caminho[1].  





[1] LIBÂNIO, João Batista. A arte de formar-se. São Paulo: Edições Loyola, 2014, p.112.

14/10/2015

86 - Sacrifícios do amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 15Se, por questão de alimento, você deixa seu irmão triste, você não está agindo com amor. Portanto, o alimento que você come não seja causa de perdição para aquele por quem Cristo morreu. 16Não deem motivo para outros falarem mal daquilo que é bom para vocês. 17O Reino de Deus não é questão de comida ou bebida; é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. 18Quem serve a Cristo nessas coisas, agrada a Deus e é estimado pelos homens (Rm 14,15-18).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O amor que não leva ao sacrifício é uma farsa, é um sentimentalismo. O amor se prova com o sacrifício.



REFLEXÃO: O amor não é uma questão de obter o que se deseja. Muito pelo contrário. A insistência em sempre ter o que se deseja, em sempre obter satisfação, em sempre ser saciado, torna o amor impossível. Para amar, você precisa sair do berço, onde tudo é ‘obter’, e, crescer até a maturidade do dar, sem se preocupar em obter nada de especial em troca. O amor não é uma transação, é um sacrifício. Não é comércio, é uma forma de culto[1].




[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2004. p. 35.

11/10/2015

43. A pessoa reta

SÃO PAULO APÓSTOLO: 22Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, 23mansidão e domínio de si. Contra essas coisas não existe lei. (Gl 5,22-23).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A pessoa reta não se ilude com falso otimismo, nem falso pessimismo; é equilibrada, não se expõe a perigos temerários; nem mesmo se apresenta como alguém que está sempre inseguro de suas decisões.

REFLEXÃO: Podemos ver com nitidez que a falta de abertura, medo, dureza, satanização e tensão obsessiva não têm nada a ver com os frutos do Espírito, e que seu exato contrário são: abertura, grandeza de coração, confiança, mansidão, serenidade e amor generoso[1].



[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.204,205.

07/10/2015

85 - Qual o sinal do amor?

SÃO PAULO APÓSTOLO: 32Sejam bons e compreensivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou a vocês em Cristo (Ef 4,32).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O distintivo e o sinal da caridade, o sinal pelo qual reconhecemos se de verdade queremos bem é este: estar inclinados a pensar bem, a interpretar para o lado do bem e desculpar também os erros.



REFLEXÃO: A maior necessidade que se tem não é mais a de ser amado, compreendido, aceito, perdoado, e sim a de compreender, amar, perdoar e aceitar os outros como eles são, para ajudá-los a se transcenderem no amor[1].




[1] MERTON, Thomas. Contemplação num Mundo de Ação. Vozes, Petrópolis, 1975, p. 119.

04/10/2015

42. Liderança e convivência

SÃO PAULO APÓSTOLO: 5Pois, se alguém não sabe dirigir bem a própria casa, como poderá dirigir bem a igreja de Deus? (1 Tm 3,5).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Costuma haver nas comunidades indivíduos que dirigem a barca, se impõem, e outros que os seguem, aplaudem, sem controlar nem controlar-se.

REFLEXÃO: Cada um de nós é, simultaneamente, líder e liderado. Por isso é importante como cada um de nós lidera e como lida com a liderança que ele mesmo experimenta. Para que pessoas adultas posam viver bem numa comunidade de vida religiosa, os processos de liderança devem ser transparentes, e a responsabilidade precisa ser assumida por muitas pessoas. Liderança prudente e madura tem a ver com a capacidade de delegar serviços, tarefas e responsabilidades[1]



[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.166,167.

30/09/2015

84 - Que é a vida sem o amor?

SÃO PAULO APÓSTOLO: 19Portanto, busquemos sempre as coisas que trazem paz e edificação mútua (Rm 14,19). 31Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade (Ef 4,31).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Nada valeriam todas as jaculatórias desse mundo sem o amor.



REFLEXÃO: Quando as pessoas realmente amam, experimentam muito mais do que apenas a necessidade de companhia e aconchego mútuos. Em sua relação com o outro, tornam-se pessoas diferentes: são mais do que de costume, mais vivas, mais compreensivas, mais pacientes, mais resistentes... São refeitas como seres novos. Transformadas pelo poder do seu amor[1].






[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2004. p. 36.

27/09/2015

41. Santificar-se na totalidade

 SÃO PAULO APÓSTOLO: 12Como escolhidos de Deus, santos e amados, vistam-se de sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência (Cl 3,12).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A oração deve empenhar todo o nosso dia e todo o nosso ser, porque o homem deve santificar-se na sua totalidade.

REFLEXÃO: Se queremos ter vida espiritual, temos de unificar nossa vida. Uma vida ou é toda espiritual ou não o é de todo. Nossa vida é moldada pelo fim para o qual vivemos. Somos feitos à imagem daquilo que desejamos[1].



[1] MERTON, Thomas. Na liberdade da solidão. Petrópolis: ed. VOZES, 2001, p.47.