29/06/2014

Alberione: entre a pausa e a pressa

É incrível como Pe. Alberione conseguiu compreender o valor da pausa e da pressa em sua arte de comunicar o Evangelho. Se por um lado, ele tinha urgência de salvar almas, por outro, ele sabia que pausa e silêncio eram elementos essenciais para o fortalecimento da missão. Não um silêncio vazio e infértil, mas profundo e pleno de sentido. Alberione sabia que o ardente desejo de levar Deus às pessoas poderia se tornar utópico, caso não partisse do ponto certo; foi por isso que escolheu começar da Eucaristia, da verdadeira Fonte, que é o próprio Cristo. Ele não poderia, de maneira alguma, aperfeiçoar a técnica sem refinar a vida interior. E nisto ele foi um mestre. Para ele, espiritualidade e comunicação sempre andaram de mãos dadas, caso contrário, não haveriam frutos. Para Alberione, nada justificava dizer: "não tive tempo de rezar".
"Poderá surgir a tentação: estou com muito trabalho; mas o principal trabalho para você, a obrigação maior para um sacerdote, a principal contribuição para a Congregação é a oração. Iludido, quem, sabe, alguém tente justificar sua pouca oração dizendo que anda muito ocupado. Será mesmo este o verdadeiro motivo? Ou, quem sabe, não se está sobrecarregado de trabalho, precisamente porque não se antepõe a oração que ajudaria a desempenhar mais rapidamente as outras ocupações? Ocupações? Mas a Igreja, a Congregação, a nossa alma nos pedem antes a oração e depois o resto, enquanto nos for possível. Ocupações? Sim, mas as outras não são urgentes senão depois da oração. Ocupações? Mas a vida das outras obras é a graça, por isso sem oração nossas almas serão mortas. “Maldito o estudo, o apostolado, etc. pelo qual se abandona a oração!”.
Já em seus primeiros anos de seminário, ressalta Rolfo, "era visto na Igreja com maior frequência que os outros". Mais tarde, Alberione vai colocar como meta pessoal quatro horas de oração diária. O que o fazia seguir um rigor espiritual tão exigente? "A messe era grande" e sem uma profunda e autêntica vida interior seria impossível responder às necessidades da época. Alberione estava convicto: antes de qualquer ação apostólica, era necessária uma pausa para contemplação, adoração, oração.
"O trabalho sem a oração é para o sacerdote como “o címbalo que soa”, isto é, coisas que impressionam, exteriormente, mas não possuem nem merecimentos. O nosso ministério é, por sua natureza, sobrenatural tanto na base como em sua substância e constituição. Não tem direito de mandar quem antes não tiver obsequiado a Deus; Não pode aconselhar ou pregar quem não tiver recebido a luz de Deus; e, no que depende dele, não educa para a vida sobrenatural, quem não a vive plenamente. Para cada ação apostólica asseguremos uma fervorosa contribuição de oração".
 Vivemos hoje num mundo apressado e sem pausas, onde todos reclamam por tempo. E se esse profeta da comunicação vivesse hoje...Ele teria tempo para rezar? Conseguiria conciliar a correria do apostolado com o silêncio contemplativo? Certamente que sim, e ainda lhe sobraria tempo, afinal de contas, uma coisa que Alberione sabia fazer com maestria era administrar cada precioso minuto de sua existência. O tempo lhe era tão inestimável, que mesmo antes de começar a ler um livro, costumava perguntar-se em que aquela leitura lhe poderia ser útil (apostolicamente falando). Ele nunca foi de gastar sua vida com coisas que não tivessem um sentido ou uma meta mais ou menos clara; Alberione sabia o que era viver do essencial.

Se vivesse hoje, neste mundo de barulho e rapidez, certamente sua máxima seria esta: 
“Uma pausa, então? Sim, necessária. Porém, não ociosa, mas para reforçar a plataforma de lance, levantar melhor o voo, redobrar as forças, estabelecer definitivamente a vida em Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, orientar os corações, para onde estão os verdadeiros bens..., avançar sobre a proteção da Rainha dos Apóstolos, trilhar os caminhos de São Paulo em santidade e apostolado".

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