27/07/2014

Nossa palavra é comunicação (?)

"É necessário viver de Deus para comunicar Deus"

Esse belo pensamento de Pe. Alberione resume, em certo sentido, o que significa ser paulino, o que significa ser um apóstolo da comunicação frente a tantas mudanças e desafios do mundo contemporâneo.
"Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!", nos diz Paulo. Anunciar com palavras, imagens, com a técnica e com "os meios mais rápidos e eficazes". Sim. Com todas as ferramentas indispensáveis ao apostolado. Mas não só! Como sabemos, a técnica por si não basta, é "insuficiente" como o é, em si mesmo, também o homem. Anunciar antes, e sobretudo, com a vida, com o testemunho, com a oração. Contudo, aquele que ousa conduzir as almas a Deus confiando somente no poder da retórica ou num dinamismo meramente humano, jamais acontecerá na vida das pessoas a metanoia, da qual o Pe. Alberione nos fala; quando muito suscitará uma alegria eufórica e efêmera, sem frutos duradouros, o que não é, de fato, "comunicar Deus".

No entanto, qual a prova ou os sinais de que "vivemos de Deus, de que comunicamos Deus?".  Podemos citar pelo menos três sinais (que a maioria de nós pratica quase que diariamente): comungar o Corpo de Cristo, ouvir sua Palavra, adorá-lo na Eucaristia. Tudo isso é suficiente? A epístola de Tiago nos ajuda a responder: "Que interessa se alguém disser que tem fé em Deus, e não fizer prova disso através de obras?".

O primeiro mestre dizia que "a Bíblia e a Eucaristia formam o apóstolo paulino. São coisas inseparáveis no coração missionário". Assim, a Comunhão, a Palavra, a adoração e todas as demais práticas de fé precisam, de alguma maneira, refletir na nossa vida cotidiana, seja na arte de conviver, criar, difundir, comunicar, ou mesmo na prática do autodomínio e do silêncio (que também é comunicação). Viver de Deus, como percebemos, vai muito além de comungar todos os dias. Da Comunhão deve nascer o impulso e o entusiasmo. Para tanto, precisamos nos  perguntar diariamente:
Quais os frutos dessa Comunhão? Em que medida conseguimos refletir o rosto de Deus em nossas ações? Essa comunhão diária está nos fazendo avançar novos degraus na vida espiritual e humana? Há reflexo do Cristo-Comunhão, também na nossa maneira de gerir e liderar?
Portanto, o segredo de "comunicar Deus", como vemos, é muito mais exigente do que possamos imaginar. Nessa arte, o Padre Tiago Alberione foi mestre. Não apenas porque estudou a técnica do "como fazer?", mas porque, primeiramente, ele se perguntou "como rezar?". Não basta imprimir, gravar, locutar, compartilhar... É preciso dar Alma e Espírito ao apostolado. Isso significa dar Cristo como o fizeram o Apóstolo Paulo e Maria. Se assim não o fosse, não haveria necessidade de uma comunidade de irmãos, de "Religiosos Apóstolos", como nos diz o Fundador; bastaria apenas um grupo de leigos, redatores, técnicos, funcionários, como nos inícios da missão paulina.

Mas, o padre Alberione foi além, não se contentou em permanecer à margem do lago, ele avançou, não obstante todas as suas fragilidades, para "águas mais profundas. Quando Alberione afirmou que a comunicação social "não é tarefa para amadores, mas requer maior espírito de sacrifício e piedade mais profunda", ele está dizendo o quê? Que é preciso ser bons comunicadores? Também. Mas não só! Ele quer nos alertar, sobretudo, que é necessário "o homem TODO para um amor total a Deus"; caso contrário, a nossa missão não será fecunda; e que "se um dia não houver mais a preocupação pela santidade e nossas casas se tornarem só indústria e comércio, devem ser destruídas".

Ó MESTRE, vós que sois o maior comunicador de Deus no seio da humanidade, concedei-nos o dinamismo e a profundidade necessárias à nossa missão de viver e comunicar o Amor.



Referências ABAIXO...

SPOLETINI, Domenico. Padre Alberione-comunicador do Evangelho, PAULUS, 2003. 
BELÉM, Maria. Tiago Alberione e Tecla Merlo, Paulinas, 2008.
SPOLETINI, Domenico. Caminhar...para onde?. PAULUS, 2014. 

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