30/12/2015

96- O amor: virtude das virtudes

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3Em nome da graça que me foi concedida, eu digo a cada um de vocês: não tenham de si mesmos conceito maior do que convém, mas um conceito justo, de acordo com a fé, na medida que Deus concedeu a cada um (Rm 12, 3).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Qual é a devoção das devoções? O amor. Qual é a virtude das virtudes? O amor. Qual é a vitória das vitórias, o triunfo dos triunfos? O amor*.



REFLEXÃO: O amor é a revelação de nosso mais profundo valor, identidade e significação pessoal. Mas essa revelação permanece impossível enquanto formos prisioneiros de nosso egoísmo. Não posso me encontrar em mim mesmo, somente num outro. Meu verdadeiro sentido e valor me são mostrados não na avaliação que faço de mim mesmo, mas nos olhos daquele que me ama; e este deve me amar como sou, com minhas falhas e limitações, revelando-me a verdade de que essas falhas e limitações não podem destruir meu valor a seus olhos; e que tenho, portanto, valor como pessoa, a despeito de minhas falhas, a despeito das imperfeições do meu “pacote” exterior. O pacote não tem nenhuma importância. O que importa é essa mensagem infinitamente preciosa que só posso descobrir no meu amor por uma outra pessoa. E essa mensagem, esse segredo, não me é plenamente revelado a menos que, ao mesmo tempo, eu seja capaz de ver e compreender o valor único e misterioso daquele que amo[1].






[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2004. p. p. 36-37

25/12/2015

100- Vida comum interior

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Irmãos, se alguém for apanhado em alguma falta, cabe a vocês, que são espirituais, corrigir com mansidão a essa pessoa. E cada um que se cuide, para não ser tentado também. 2Carreguem os fardos uns dos outros, e assim vocês estarão cumprindo a lei de Cristo (Gl 6,1-2).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Ninguém está seguro da sua vida sem a disciplina interior. Antes de tudo, vida comum interior.



REFLEXÃO: Na religiosidade de certos religiosos e religiosas mostra-se muitas vezes ainda uma grande medida de infantilidade[1]. Amadurecimento humano significa que uma pessoa desabrocha, que torna visível o que há dentro dela em termos de possibilidades e capacidades; quando em torno dela há florescimento e frutos. E a maturidade se mostra também quando ela sabe lidar bem consigo mesma e com as outras pessoas, quando é capaz de relacionar-se e de trabalhar em equipe. Características da maturidade humana são serenidade, paz interior, vivacidade e abertura, fecundidade e criatividade[2].







[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.185.
[2] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.9.

23/12/2015

95- O Mestre deu-nos o exemplo

SÃO PAULO APÓSTOLO: 26Portanto, irmãos, vocês que receberam o chamado de Deus, vejam bem quem são vocês: entre vocês não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. 27Mas, Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte (1 Cor 1,26-27).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Jesus ganha as almas não pela força física, material, mas com a força do seu amor. Jesus reina com amor.



REFLEXÃO: Se é, de fato, necessária certa maturidade para viver em comunidade, também o é uma cordial vida fraterna para o amadurecimento do religioso. Diante da eventual constatação de uma diminuída autonomia afetiva no irmão ou na irmã, deveria vir a resposta da comunidade em termos de um amor rico e humano, como o do Senhor Jesus e de tantos santos religiosos; um amor que compartilha os temores e as alegrias, as dificuldades e as esperanças, com aquele calor que é próprio de um coração novo que sabe acolher a pessoa inteira[1].





[1] A vida fraterna em comunidade, 1994, n.37

18/12/2015

99- Conviver exige renúncia

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3A vontade de Deus é que vivam consagrados a ele, que se afastem da libertinagem, 4que cada um saiba usar o próprio corpo na santidade e no respeito, 5sem deixar-se arrastar por paixões libidinosas, como os pagãos que não conhecem a Deus. 6Quanto a isso, que ninguém ofenda ou prejudique o irmão (1 Tes 4,3-6).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A vida comum é fonte de muitos méritos pela renúncia contínua de nós mesmos. Jamais entenderíamos o que é a humildade, a doçura, a paciência, a resistência às injúrias (...), a caridade fraterna levada até à imolação de si mesmo se não lêssemos e não meditássemos os exemplos e as lições de Nosso Senhor sobre estas virtudes.



REFLEXÃO: É frequente encontrarmos religiosos de personalidade desequilibrada, desarmônica, e até com excelente competência em áreas profissionais, mas com lacunas evidentes na sociabilidade... Incapazes de ter uma vida verdadeiramente participativa nas suas comunidades. Comunicadores brilhantes fora de casa... Analfabetos no diálogo em casa, entre coirmãos e coirmãs, incapazes até de esboçar uma pequena saudação ou cumprimento[1].




[1] COLOMBERO, Giuseppe. Vida religiosa da convivência à fraternidade. São Paulo: Paulus, 2003, p. 17.

16/12/2015

94 - O reino de amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3Fornicação, impureza e avareza não sejam nem assunto de conversa entre vocês, pois isso não convém a cristão. 4O mesmo se diga a respeito de piadas indecentes, picantes ou maliciosas. São coisas inconvenientes. Em vez disso, deem graças a Deus. 5Estejam certos de uma coisa: nenhuma pessoa imoral, impura ou avarenta - pois a avareza é uma idolatria - jamais terá herança no reino de Cristo e de Deus (Ef 5,3-5).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A caridade divina é o cartão para a entrada no reino eterno, no reino do amor.



REFLEXÃO: Tudo procede do amor, tudo está ordenado à salvação do homem, Deus não faz nada que não seja a esta finalidade[1].






[1]  Catecismo da Igreja Católica, Apud. Santa Catarina de Sena, n.313.

13/12/2015

52. Não somos uma comunidade de perfeitos

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Homem, você julga os outros? Seja quem for, você não tem desculpa. Pois, se julga os outros e faz o mesmo que eles fazem, você está condenando a si próprio. 21Muito bem! Você ensina aos outros e não ensina a si próprio! (Rm 2,1; 21).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Saibamos compreender os irmãos com são realismo, as suas deficiências, aceitando-nos reciprocamente na paciência, já que a nossa comunidade não é comunidade de perfeitos, e sim de pessoas empenhadas no esforço de “conversão contínua”.

REFLEXÃO: A falta de capacidade de diálogo manifesta-se não somente em discussões sobre os objetivos da comunidade, mas em cada conversa. Além disso, por toda parte penetram sentimentos reprimidos, não admitidos, não verbalizados. Quase não se tem coragem de mostrar o que se sente, por medo de ser ridículo, de congelar-se com a frieza e o fechamento de alguns irmãos. Quando não se  pode manifestar sentimentos, ou se tem medo de fazê-lo, também não é possível permitirem-se fraquezas. Por isso, muita gente na vida religiosa esconde suas fraquezas atrás da aparência de um religioso ou uma religiosa perfeitos. No entanto, o que se nega em sentimento e fraqueza, falta em vigor e honestidade[1]


[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.130,131

11/12/2015

98- Amar e encorajar a todos

SÃO PAULO APÓSTOLO: 22Fuja das paixões da juventude; siga a justiça e a fé, o amor e a paz com aqueles que invocam de coração puro o nome do Senhor. (2Tm 2, 22).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Amar a todos e encorajar a todos, ainda que pareçam teimosos. “Não tenhais medo”.



REFLEXÃO: Para amar alguém como pessoa, temos de começar por conceder-lhe autonomia e identidade próprias como pessoa. Temos de amá-lo por causa daquilo que ele é em si mesmo e não por causa do que ele é para nós. Havemos de amá-lo para o seu próprio bem, não pelo bem que dele retiramos. Ora, isso é impossível se não formos capazes de um amor que nos ‘transforma’, por assim dizer, no outro, tornando-nos capazes de ver as coisas como ele as vê, de amar o que ele ama, de experimentar as mais profundas realidades de sua vida como se fossem nossas. Sem sacrifício, tal transformação não é possível. Entretanto, se não somos capazes dessa espécie de transformação ‘no outro’ enquanto permanecermos nós mesmos, não estamos ainda aptos para uma existência plenamente humana[1].



[1] MERTON, Thomas. Questões abertas. Agir, Rio de Janeiro, 1963. p. 121.

09/12/2015

93 - Sacrifícios do amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. 5E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,3-5).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O amor também nos leva a aceitar as cruzes e doenças pelo amor a Deus. 



REFLEXÃO: Para encontrarmos Deus em nós, temos de parar de olhar para nós mesmos, de nos inspecionar e verificar no espelho da nossa futilidade; devemos contentar-nos em ser em Deus e de fazer o que Ele quiser, conforme as nossas limitações, julgando os nossos atos não à luz das nossas ilusões, mas à luz da Sua realidade que nos cerca nas coisas e pessoas com quem vivemos[1].





[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.111

06/12/2015

51. A unidade em Cristo


SÃO PAULO APÓSTOLO: 19Juntos recitem salmos, hinos e cânticos inspirados, cantando e louvando ao Senhor de todo o coração. 20Agradeçam sempre a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. 21Sejam submissos uns aos outros no temor a Cristo (Ef 5,19-21).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O pecado rompe a unidade; e agora há uma grande desordem. A razão deveria governar o coração e o coração deveria fazer resplandecer de amor a razão; e a vontade, removidos os obstáculos das paixões e fortificada pela razão, teria feito o bem: eis a unidade. Refazer a unidade em Cristo.

REFLEXÃO: Será que realmente renunciamos a nós mesmos e ao mundo para encontrar Cristo? Ou renunciamos ao nosso eu falso e alienado para escolher nossa verdade mais profunda ao escolher o mundo e Cristo ao mesmo tempo? Se o alicerce mais profundo do meu ser é amor, então nesse próprio amor, e em nenhum outro lugar, encontrarei a mim mesmo, ao mundo e a meu irmão e irmã em Cristo. Não é uma questão de ‘isto ou aquilo’, mas de tudo em um. Não é uma questão de exclusividade e ‘pureza’, mas de integridade, inteireza, unidade e da gleichheit (igualdade) de Mestre Eckhart, que encontra o mesmo fundamento de amor em tudo[1].



[1] MERTON, Thomas. Contemplação num Mundo de Ação. Petrópolis: ed. VOZES, 1975, p.154-155

04/12/2015

97- Semear o amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 6Quem é instruído na Palavra, torne participante em toda sorte de bens aquele que o instrui. 7Não se iludam, pois com Deus não se brinca: cada um colherá aquilo que tiver semeado. 8Quem semeia nos instintos egoístas, dos instintos egoístas colherá corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 6,6-10).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A bela palavra com a qual Jesus concluirá a história do mundo é uma palavra com o metro do amor.



REFLEXÃO: Existe uma falsa e momentânea felicidade na satisfação egoísta, mas ela nos leva sempre à tristeza, porque amesquinha e enfraquece o nosso espírito. A verdadeira felicidade encontra-se no amor generoso, no amor que aumenta à medida que é repartido. Não há limite na partilhabilidade do amor, e por isso a felicidade virtual desse amor é infinita. A lei da vida íntima de Deus é a infinita doação. Ele estabeleceu como lei do nosso ser a comunicação de nós mesmos, e assim é que o melhor modo de amar a si mesmo é amar os outros. É na atividade desinteressada que melhor realizamos as nossas capacidades de ser e de agir[1]




[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.19

02/12/2015

92 - Gerar o amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 6Que a conversa de vocês seja sempre agradável, temperada com sal, sabendo responder a cada um como convém (Cl 4,6). 26Não sejamos ambiciosos de glória, provocando-nos mutuamente e tendo inveja uns dos outros (Gl 5,26). 7Vejamos: em que você é mais do que os outros? (1 Cor 4,7).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O orgulho divide, a humildade une porque gera o amor.



REFLEXÃO: Uma pessoa é definida em termos de liberdade, portanto em termos de responsabilidade também: responsabilidade para com outras pessoas, responsabilidade pelas outras pessoas. Em termos concretos, o cristão não é apenas alguém que busca a expansão e o desenvolvimento de sua própria individualidade e a satisfação de suas mais legítimas necessidades naturais, mas alguém que se reconhece responsável pelo bem dos outros, pela realização temporal e eterna salvação deles. Pois hoje o mundo todo está estreitamente ligado por laços econômicos, culturais e sociológicos que nos tornam todos, em certa medida, responsáveis pelo que acontece aos outros nos lugares mais distantes da Terra. O homem é hoje não apenas um ser social; sua natureza social transcende os limites regionais e nacionais e, gostemos ou não, temos de pensar em termos de uma só família humana, um só mundo[1].






[1] MERTON, Thomas. Amor e Vida. Martins Fontes Editora, São Paulo, 2004. p. 161-162.