28/06/2015

28. Saber respeitar-se e ajudar-se

SÃO PAULO APÓSTOLO: 18Seria bom que vocês se interessassem sempre pelo bem, e não só quando estou presente entre vocês. 19Meus filhos, sofro novamente como dores de parto, até que Cristo esteja formado em vocês. 20Gostaria de estar junto de vocês neste momento, e de mudar o tom da minha voz, porque não sei mais que atitude tomar com vocês (Gl 4,18-20).


BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Saber respeitar-se: “A caridade não pensa mal” “cf.1 Cor 13,5) serve muito bem neste caso; portanto: “pensar bem, desejar o bem, falar bem, fazer o bem”. Saber ajudar-se.


REFLEXÃO: Segundo a palavra do Apóstolo, é a caridade, que harmoniza as várias diferenças e a todos comunica a força da mútua ajuda no ímpeto apostólico. Isto mesmo tem em vista o peculiar vínculo de comunhão, que as várias formas de vida consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica têm com o Sucessor de Pedro em seu ministério de unidade e de universalidade missionária[1].






[1] Exortação apostólica sobre a vida consagrada e a sua missão na igreja e no mundo, João Paulo II, n.47

24/06/2015

69 - Os três “pilares” da vida em Comunidade

SÃO PAULO APÓSTOLO: 13A meta é que todos juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus, para chegarmos a ser o homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento, é a plenitude de Cristo (Ef 4,13).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A união de todos os membros se realiza, sobretudo, quando colocando-nos na escuta da Palavra de Deus, na celebração do mistério eucarístico, e na participação no apostolado comum.



REFLEXÃO: Na vida de comunidade, também se deve tornar de algum modo palpável que a comunhão fraterna, antes de ser instrumento para uma determinada missão, é espaço teologal, onde se pode experimentar a presença mística do Senhor ressuscitado (cf. Mt 18,20). Isto verifica-se graças ao amor recíproco de quantos compõem a comunidade: um amor alimentado pela Palavra e pela Eucaristia, purificado no sacramento da Reconciliação, sustentado pela invocação da unidade, especial dom do Espírito para aqueles que se colocam numa escuta obediente do Evangelho. É precisamente Ele, o Espírito, que introduz a alma na comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo (cf. 1 Jo 1,3), comunhão essa que é a fonte da vida fraterna. É pelo Espírito que as comunidades de vida consagrada são guiadas no cumprimento da sua missão ao serviço da Igreja e da humanidade inteira, segundo a respectiva inspiração originária[1].



[1] Exortação apostólica sobre a vida consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo, João Paulo II, n.42

21/06/2015

27. Os dois grandes preceitos

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Sejam imitadores de Deus, como filhos queridos. 2Vivam no amor, assim como Cristo nos amou e se entregou a Deus por nós, como oferta e vítima, como perfume agradável (Ef 5,1-2).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Um só pensamento, união generosa e feliz de forças e intenções, alimentada sempre pela piedade. Amar a Deus com toda a mente, as forças e o coração: é o primeiro e principal preceito. Mas há um segundo, que é semelhante a este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

REFLEXÃO: Para amar os outros com caridade perfeita, devo ser verdadeiro para com ele, para comigo e para com Deus. Os verdadeiros interesses de uma pessoa são, a um só tempo, pessoais e comuns a todo o reino de Deus. O motivo é que tais interesses não são outros senão os desígnios que Deus formou para sua alma. Se nos amarmos verdadeiramente uns aos outros, o nosso amor será dotado de uma prudência clarividente, que enxerga e respeita os desígnios de Deus sobre cada alma em particular[1].



[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.23

17/06/2015

68 - O “amor cobre uma multidão de pecados”

SÃO PAULO APÓSTOLO: 9Não precisamos escrever-lhes a respeito do amor fraterno, pois vocês aprenderam do próprio Deus a se amarem uns aos outros. 10E é isso que vocês estão fazendo com todos os irmãos da Macedônia. Mas, aconselhamos, irmãos, que vocês progridam cada vez mais. 11Que seja para vocês uma questão de honra viver em paz (1 Tes 4,9-11).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Amai! O “amor cobre uma multidão de pecados” (cf.Lc 7,47). Não foi o que Jesus disse a Madalena?. Não está escrito nos livros santos? Você pecou? Muitos atos de caridade.



REFLEXÃO: Não existimos só para nós e é somente quando estamos plenamente convencidos desse fato que começamos a amar-nos de maneira devida e também aos outros. É, pois, de suprema importância consentirmos em viver não para nós, mas para os outros. Quando praticamos isso, o primeiro efeito é que seremos capazes de encarar e aceitar as nossas próprias limitações. Enquanto nos adorarmos em segredo, as nossas deficiências pessoais continuarão a atormentar-nos com a sua nódoa bem aparente. Mas, se vivermos para os outros, descobriremos, pouco a pouco, que ninguém espera de nós que sejamos “como deuses”. Veremos que somos humanos como qualquer um, e que todos temos fraquezas e deficiências que desempenham papel importantíssimo em nossa vida. É por causa delas que precisamos do próximo, e o próximo de nós.[1].   




[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.16-17

14/06/2015

26. Caridade e obediência

SÃO PAULO APÓSTOLO: 19A obediência de vocês é conhecida de todos. Vocês, para mim, são um motivo de alegria, mas desejo que sejam sábios para o bem e sem compromissos com o mal (Rm 16,19).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Caridade na obediência e obediência na caridade. O espírito de obediência supõe: um caráter doce, equilibrado, dócil.

REFLEXÃO: Obediência não é dependência ou falta de autonomia. Quando a obediência é praticada sob o lema ‘a mãe mandou’, quando a pobreza é compreendida apenas no sentido de não poder satisfazer a nenhum desejo sem pedir permissão... então a vida religiosa levará necessariamente a uma regressão ao estado infantil[1]. O que significa obedecer a Deus? Significa que devemos ser como escravos, todos amarrados? Não, porque exatamente quem obedece a Deus é livre, não é escravo! E como se faz? Obedeço, não faço a minha vontade e sou livre? Parece uma contradição. Mas não é uma contradição. De fato obedecer vem do latim e significa escutar, ouvir o outro. Obedecer a Deus é escutá-Lo, ter o coração aberto para ir pela senda que Deus nos indica. A obediência a Deus é escutar Deus. E isto torna-nos livres[2].



[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p..123.
[2] Papa Francisco, L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 15, de 14 de abril de 2013.

10/06/2015

67 - “Um só coração e uma só alma”

SÃO PAULO APÓSTOLO: 15Vivendo amor autêntico, cresceremos sob todos os aspectos em direção a Cristo, que é a Cabeça. 16Ele organiza e dá coesão ao corpo inteiro, através de uma rede de articulações, que são os membros, cada um com sua atividade própria, para que o corpo cresça e construa a si próprio no amor (Ef 4,15-16).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Unidos, vivemos os valores próprios da comunidade consagrada, conscientes de que devemos à igreja e ao mundo o testemunho concreto desses valores. Seguindo a Cristo, que nos pede comunhão de vida como a das pessoas divinas e nos diz que lhe daremos se soubermos “amar-nos uns aos outros como Ele nos amou”, esforçamo-nos por realizar a aspiração da Igreja, por fazer viver os discípulos de Cristo como “um só coração e uma só alma”.



REFLEXÃO: Reconhecemos que, numa cultura onde cada um pretende ser portador duma verdade subjetiva própria, torna-se difícil que os cidadãos queiram inserir-se num projeto comum que vai além dos benefícios e desejos pessoais[1]. Aos cristãos de todas as comunidades do mundo, quero pedir-lhes de modo especial um testemunho de comunhão fraterna, que se torne fascinante e resplandecente. Que todos possam admirar como vos preocupais uns pelos outros, como mutuamente vos encorajais, animais e ajudais: “Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). Foi o que Jesus, com uma intensa oração, pediu ao Pai: “Que todos sejam um só (…) em nós [para que] o mundo creia” (Jo 17, 21). Cuidado com a tentação da inveja! Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto! Peçamos a graça de nos alegrarmos com os frutos alheios, que são de todos[2].



[1] Papa Francisco, Evangelli Gaudium, 2013, n.61.
[2] Papa Francisco, Evangelli Gaudium, 2013, n.99.

07/06/2015

25. As fraquezas humanas

SÃO PAULO APÓSTOLO: 26Fiz muitas viagens. Sofri perigos nos rios, perigos por parte dos ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de raça, perigos por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos. 27Mais ainda: morto de cansaço, muitas noites sem dormir, fome e sede, muitos jejuns, com frio e sem agasalho. 28E isso para não contar o resto: a minha preocupação cotidiana, a atenção que tenho por todas as igrejas. 29Quem fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem cai, sem que eu me sinta com febre? 30Se é preciso gabar-se, é de minha fraqueza que vou me gabar (2 Cor 11,26-30).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O maligno sabe que lá onde não floresce harmonia, concórdia e compreensão fraterna não podem existir amor de Deus, delicadeza de consciência, espírito de mortificação, amor ilimitado ao próprio estado; e para tanto se desdobra de todos os modos para exercer a sua obra desagregadora nas comunidades e para torná-las terrenos de desunião, de incompreensões e de mal-entendidos de todo tipo. Serve-se habilmente de todas as fraquezas humanas, que são inevitáveis, mesmo entre almas heroicas.

REFLEXÃO: Somente quando nos vemos no nosso verdadeiro contexto humano, como membros de uma espécie destinada a ser um só organismo e “um só corpo”, é que começamos a compreender a positiva importância não apenas dos sucessos, mas também dos fracassos e acidentes da nossa vida. As minhas vitórias não me pertencem exclusivamente. Seu caminho foi preparado por outros. O fruto dos meus trabalhos não é só meu, pois estou preparando o caminho para as realizações dos que hão de vir. Também não pertencem apenas a mim as minhas falhas. Podem vir da falta alheia, mas também são compensadas pelo que outros realizam. Por conseguinte, o sentido da minha vida não deve ser buscado apenas na soma das minhas realizações. Só pode ser visto na integração completa das minhas vitórias e falhas nas vitórias e falhas da minha geração, da minha sociedade e do meu tempo[1].




[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Campinas: Verus Editora, 2003. p. 17.

03/06/2015

66- A caridade alarga o coração

SÃO PAULO APÓSTOLO: 5Os que vivem segundo os instintos egoístas inclinam-se para os instintos egoístas; mas os que vivem segundo o Espírito inclinam-se para aquilo que é próprio do Espírito. 6Os desejos dos instintos egoístas levam à morte; enquanto os desejos do Espírito levam para a vida e a paz. 8porque os que vivem segundo os instintos egoístas não podem agradar a Deus (Rm 8,5-6; 8-9).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A vida comum exige a caridade, e o egoísmo é o seu inimigo. Com efeito, o egoísmo leva, pouco a pouco, a formar um modus vivendi próprio, individual. “Querer-se bem... O egoísmo quer endereçar tudo ao amor próprio. A caridade alarga o coração e nos faz pensar no próximo”.



REFLEXÃO: O homem é dividido contra si mesmo e contra Deus, pelo seu próprio egoísmo que o divide do seu irmão. Essa divisão, não pode remediá-lo um amor que se coloca só de um dos lados da brecha. O amor deve estender-se aos dois lados para reuni-los. Não podemos amar-nos se não amarmos os outros, e não podemos amar os outros se não nos amarmos. Mas um amor egoísta de nós mesmos torna-nos incapazes de amar os outros. A dificuldade desse mandamento reside no paradoxo de impor a cada um o dever de amar-se sem egoísmo, porque até o amor de nós mesmos é algo que devemos aos outros[1].  







[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.16