31/05/2015

24. A dupla função do amor

SÃO PAULO APÓSTOLO: 4Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor (Ef 1,4).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Amar o Senhor com toda a mente, com todo o coração, com todas as forças e com toda a vontade. Amar o próximo como a nós mesmos. Em dupla função: afastar do próximo o mal, o erro, o vício, o pecado, a morte; levar-lhe tudo o que é bom: verdade, virtude, graça. Para realizar isso perfeitamente e ao máximo: deixar tudo para receber tudo. Assegurar-se o cêntuplo e a vida eterna.

REFLEXÃO: O amor só busca uma coisa: o bem do amado. Amar o outro é querer seu verdadeiro bem. Tal amor é fundado na verdade. Um amor que não vê distinção entre o bem e o mal, que ama cegamente só por amar, é mais ódio que amor. Amar às cegas é amar de forma interesseira, porque o fim desse amor não é a conveniência real do amado, mas só o prazer de amar em nossa alma. Tal amor nem pode ter a aparência de amor, a menos que ele pretenda procurar o bem do amado[1]. Quem deveras ama o outro, não é movido apenas pelo desejo de vê-lo contente, cheio de saúde e próspero neste mundo. O amor não pode contentar-se com ideal tão incompleto. Se o meu dever é amar meu irmão, eu devo, de algum modo, entrar a fundo no mistério do amor de Deus por ele. A verdade que eu amo ao amar o meu irmão não pode ser uma coisa meramente abstrata e filosófica. Deve ser, ao mesmo tempo, sobrenatural e concreta, prática e sensível[2].



[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.20
[2] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.22

27/05/2015

65- Reconhecer que o outro é imagem de Deus

SÃO PAULO APÓSTOLO: 13Vistam a armadura de Deus para que, no dia mau, vocês possam resistir e permanecer firmes, superando todas as provas. 14Estejam, portanto, bem firmes: cingidos com o cinturão da verdade, vestidos com a couraça da justiça, 15os pés calçados com o zelo para propagar o evangelho da paz; 16tenham sempre na mão o escudo da fé, e assim poderão apagar as flechas inflamadas do Maligno (Ef 6,13-16).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Falta o amor porque há pouca fé e não se reconhece, às vezes, que no irmão há a imagem de Deus.



REFLEXÃO: O modo de nos relacionarmos com os outros que, em vez de nos adoecer, nos cura, é uma fraternidade mística, contemplativa, que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano, que sabe tolerar as moléstias da convivência agarrando-se ao amor de Deus, que sabe abrir o coração ao amor divino para procurar a felicidade dos outros como a procura o seu Pai bom. Precisamente nesta época, inclusive onde são um “pequenino rebanho” (Lc 12, 32), os discípulos do Senhor são chamados a viver como comunidade que seja sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13-16). São chamados a testemunhar, de forma sempre nova, uma pertença evangelizadora. Não deixemos que nos roubem a comunidade![1]



[1] Papa Francisco, Evangelli Gaudium, 2013, n.92

24/05/2015

23. Formar o coração

SÃO PAULO APÓSTOLO: 17Portanto, em nome do Senhor, digo e recomendo a vocês: não vivam como os pagãos, cuja mente é vazia. 18A inteligência deles se tornou cega, e eles vivem muito longe da vida de Deus, porque o endurecimento do coração deles é que os mantém na ignorância. 19Eles perderam a sensibilidade e se deixaram levar pela libertinagem, entregando-se com avidez a todo tipo de imoralidade. 20Não foi assim que vocês aprenderam a conhecer Cristo, 21se é que de fato vocês lhe deram ouvidos e se foram mesmo instruídos segundo a verdade que há em Jesus (Ef 4,17-21).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O coração humano é uma grande potência. O coração bem formado ama a todos: não alimenta rancores, nem invejas, foge de amizade perigosa.

REFLEXÃO: O profeta Ezequiel dizia: “Arrancar-vos-ei o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne”. É esta a experiência que o Apóstolo Paulo vive: depois de ter encontrado Jesus no caminho de Damasco, muda radicalmente a sua perspectiva de vida e recebe o Batismo. Deus transforma o seu coração! Muda um coração de pedra num coração de carne. O que significa isto? Um coração que ama, um coração que sofre, um coração que rejubila com os outros, um coração cheio de ternura por quem, trazendo impressas as feridas da vida, se sente na periferia da sociedade. O amor é a maior força de transformação da realidade, porque derruba os muros do egoísmo e preenche os fossos que nos mantêm distantes uns dos outros. É este o amor que vem de um coração transformado, de um coração de pedra que se transforma num coração de carne, num coração humano[1].



[1] Papa Francisco aos participantes no Congresso Eclesial da Diocese de Roma,  17 de junho de 2013

20/05/2015

64 - O amor une

SÃO PAULO APÓSTOLO: 3Mantenham entre vocês laços de paz, para conservar a unidade do Espírito. 4Há um só corpo e um só Espírito, assim como a vocação de vocês os chamou a uma só esperança (Ef 4,3-4). Vivam em paz entre vocês. (1 Tes 5,13).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O amor é como a massa que une os tijolos; sem o fundamento, o edifício desmorona.



REFLEXÃO: Toda a vida (ainda das coisas que não têm vida) não é mais que uma união. Uma união de pedras é edifício; uma união de tábuas é navio; uma união de homens é exército. E sem esta união tudo perde o nome, e mais o ser. O edifício sem união é ruína; o navio sem união é naufrágio: o exército sem união e despojo. Até o homem (cuja vida consiste na união de alma e corpo) com união é homem, sem união é cadáver[1].



[1] VIEIRA, Antonio. Páginas espirituais. São Paulo: Quadrante, 2008, p.8.

17/05/2015

22. União prática, profunda e sentida

SÃO PAULO APÓSTOLO: 14Façam tudo sem murmurações e sem críticas, 15para serem inocentes e íntegros, como perfeitos filhos de Deus que vivem no meio de gente pecadora e corrompida, onde vocês brilham como astros no mundo, 16apegando-se firmemente à Palavra da vida (Fl 2,14-16).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A força de uma sociedade está na união prática, profunda e sentida. E aqui está o grande mérito, porque esta união se transforma em amor a Deus, enquanto amamos aqueles irmãos com os quais fazemos a viagem para a eternidade.

REFLEXÃO: Um desafio importante é mostrar que a solução nunca consistirá em escapar de uma relação pessoal e comprometida com Deus, que ao mesmo tempo nos comprometa com os outros. Isto é o que se verifica hoje quando os crentes procuram esconder-se e livrar-se dos outros, e quando subtilmente escapam de um lugar para outro ou de uma tarefa para outra, sem criar vínculos profundos e estáveis: “A imaginação e mudança de lugares enganou a muitos”. É um remédio falso que faz adoecer o coração e, às vezes, o corpo. Faz falta ajudar a reconhecer que o único caminho é aprender a encontrar os demais com a atitude adequada, que é valorizá-los e aceitá-los como companheiros de estrada, sem resistências interiores. Melhor ainda, trata-se de aprender a descobrir Jesus no rosto dos outros, na sua voz, nas suas reivindicações; e aprender também a sofrer, num abraço com Jesus crucificado, quando recebemos agressões injustas ou ingratidões, sem nos cansarmos jamais de optar pela fraternidade[1].



[1] Papa Francisco, Evangelli Gaudium, 2013, n.91

13/05/2015

63 - O amor abre os olhos!

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Cristo nos libertou para que sejamos verdadeiramente livres. Portanto, sejam firmes e não se submetam de novo ao jugo da escravidão (Gl 5,1).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O amor abre os olhos! Quem não ama, não conhece. “Os discípulos reconheceram Jesus ao partir o pão”. Almas que amaram santamente, quantas coisas aprenderam!.



REFLEXÃO: Quem mais ama, mais madruga. O amor nasce nos olhos, e quem o pintou com os olhos tapados devia ser cego. Esse amor, quando muito, será o pintado; o amor vivo e o verdadeiro sempre está com os olhos abertos, porque sempre vela. Quem tirou o véu ao amor, esse descobriu-lhe a cara, porque o mostrou desvelado. O amor é um espírito sempre inquieto, e quem se aquieta muito, sinal é de que ama pouco[1].




[1] VIEIRA, Antonio. Páginas espirituais. São Paulo: Quadrante, 2008, p.8.

10/05/2015

21. Praticar o perdão

SÃO PAULO APÓSTOLO: 17Não paguem a ninguém o mal com o mal; a preocupação de vocês seja fazer o bem a todos os homens. 18Se for possível, no que depende de vocês, vivam em paz com todos (Rm 12,17-18).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Cultivar a disposição para perdoar o mal recebido e para recordar tão somente o bem, sem lançar no rosto as culpas, sem humilhar os outros etc.

REFLEXÃO: Paz e perdão. O amor cobria tudo. As primeiras comunidades cristãs tinham um só coração e uma só alma. Havia nelas a paz, o que significa que não havia lugar para fofocas, invejas, calúnias e difamações. Para qualificar uma comunidade cristã devemos nos perguntar como é o comportamento dos cristãos. São mansos e humildes? Naquela comunidade, há brigas entre eles pelo poder? Brigas com inveja? Há fofocas? É uma comunidade que dá testemunho da Ressurreição de Jesus Cristo? Essa paróquia, essa comunidade, essa diocese crê, realmente, que Jesus Cristo ressuscitou? Dar testemunho de que Jesus está vivo, está entre nós. E assim se pode verificar como vai uma comunidade[1].



[1] Papa Francisco, 29 de abril de 2014, Casa Santa Marta

06/05/2015

62 - Criar um círculo de pessoas amigas

SÃO PAULO APÓSTOLO: 7Porque nenhum de vocês vive para si mesmo, e ninguém morre para si mesmo. 8Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. 9Cristo morreu e voltou à vida para ser o Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14, 7-9).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O homem, sociável por natureza, só ficará bem se lhe for fácil criar um ambiente no qual seu instinto possa ser satisfeito. Quando ele deixa o lar doméstico, caloroso de puro afeto, em qualquer ambiente onde se encontre identifica uma forte necessidade de criar para si um círculo de pessoas amigas, que o compreenda, que o encoraje, e que lhe seja apoio seguro nas inevitáveis tempestades da vida.



REFLEXÃO: É, pois, de suprema importância consentirmos em viver não para nós, mas para os outros. Quando praticamos isso, o primeiro efeito é que seremos capazes de encarar e aceitar nossas próprias limitações. Enquanto nos adoramos em segredo, as nossas deficiências pessoais continuarão a atormentar-nos com a sua nódoa bem aparente. Mas, se vivermos para os outros, descobriremos, pouco a pouco, que ninguém espera de nós que sejamos como “deuses”. Veremos que somos humanos como qualquer um, e que todos temos fraquezas e deficiências que desempenham papel importantíssimo em nossa vida. É por causa delas que precisamos do próximo, e o próximo de nós[1].  






[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.17

03/05/2015

20. Desejar sempre o bem dos outros

SÃO PAULO APÓSTOLO: 24Os que pertencem a Cristo crucificaram os instintos egoístas junto com suas paixões e desejos. 25Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito (Gl 5,24-25).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Sempre plasmar a bondade, os pensamentos benévolos, o verdadeiro desejo do bem dos outros, com uma contínua luta contra o egoísmo. Se operarmos pela glória de Deus e pela paz dos homens, o Senhor estará conosco; mas quando formos movidos por motivos de vaidade, de comodismo, de egoísmo etc., permaneceremos na indigência.

REFLEXÃO: Seguir Jesus comporta a renúncia ao mal, ao egoísmo, e a escolha do bem, da verdade e da justiça, mesmo quando isto exige sacrifício e renúncia aos próprios interesses[1]. O testemunho que pode, realmente, atrair é aquele associado a atitudes não habituais: generosidade, desapego, sacrifício, esquecimento de si próprio no intuito de ajudar os outros[2].



[1] Papa Francisco, Praça de São Pedro, 18 de agosto de 2013.
[2] Papa Francisco, Encontro superiores religiosos, La Civiltà Cattolica, 03.01.2014.