29/04/2015

61 - O egoísmo é uma peste

SÃO PAULO APÓSTOLO: 16Por isso é que lhes digo: vivam segundo o Espírito, e assim não farão mais o que os instintos egoístas desejam. 17Porque os instintos egoístas têm desejos que estão contra o Espírito, e o Espírito contra os instintos egoístas; os dois estão em conflito, de modo que vocês não fazem o que querem. 18Mas, se forem conduzidos pelo Espírito, vocês não estarão mais submetidos à Lei. 19Além disso, as obras dos instintos egoístas são bem conhecidas: fornicação, impureza, libertinagem, 20idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúme, ira, rivalidade, divisão, sectarismo, 21inveja, bebedeira, orgias e outras coisas semelhantes. Repito o que já disse: os que fazem tais coisas não herdarão o Reino de Deus (Gl 5,16-21).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: É preciso queimar o egoísmo, que é a peste da comunidade. Existem pessoas que amam um só deus: o próprio eu.



REFLEXÃO: As enfermidades da fraternidade possuem forças que as destroem. A tentação contra a fraternidade é o que mais impede o caminho para a vida consagrada. São João Berchmans costumava dizer que sua maior penitência era precisamente a vida comunitária. Às vezes, viver em fraternidade é difícil, mas se não for vivida não será produtiva. A obra, também a ‘apostólica’, pode-se tornar uma fuga da vida fraterna. Se alguém não consegue viver em fraternidade, não poderá viver uma vida religiosa[1].


  



[1] Papa Francisco, Encontro superiores religiosos, La Civiltà Cattolica, 03.01.2014.

26/04/2015

19. A comunidade que todos desejam

SÃO PAULO APÓSTOLO: 21Em Cristo, toda construção se ergue, bem ajustada, para formar um templo santo no Senhor. 22Em Cristo, vocês também são integrados nessa construção, para se tornarem morada de Deus, por meio do Espírito (Ef 2,21-22).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Lembremo-nos, porém, de que a comunidade que todos desejamos está sempre por construir com o empenho de cada um, e que deve ser enriquecida com a contribuição de todos.

REFLEXÃO: De modo positivo, a formação da Comunidade implica diálogo mútuo, lugar de perdão e apoio[1]. A convivência pede, em primeiro lugar, tolerância. A intransigência de qualquer natureza impede as pessoas de viver juntas. A tolerância se exerce a respeito do modo de pensar e de agir do outro. Viver juntos implica o conhecimento de si e do outro quanto aos valores e limites. A aceitação e o reconhecimento se exercitam em experiências concretas de vida em grupo, trabalho em equipe, tarefas sociais comuns e tantas outras formas possíveis[2].



[1] LIBÂNIO, João Batista. A arte de formar-se. São Paulo: Edições Loyola, 2014, p.122.
[2] LIBÂNIO, João Batista. A arte de formar-se. São Paulo: Edições Loyola, 2014, p.135.

22/04/2015

60- O verdadeiro amor é criativo

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Portanto, se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existe ternura e compaixão, 2completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. (Fl 2,1-2).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O verdadeiro amor é criativo. O verdadeiro amor é aquele que se demonstra com a fadiga de cada dia para o apostolado.



REFLEXÃO: Pensemos na ternura que São Francisco viveu, por exemplo. A ternura ajuda a superar os conflitos. Se isso não bastar, poderá ser o caso de trocar de comunidade. É verdade, às vezes somos muito cruéis. Todos vivemos a sensação de criticar visando satisfação pessoal ou obter vantagens. Por vezes, os problemas na fraternidade devem-se a personalidades frágeis, casos nos quais a ajuda de um profissional, um psicólogo, deveria ser procurada. Não há porque ter medo disto: não se precisa temer cair, necessariamente, no psicologismo. Mas nunca, nunca deveríamos agir como administradores ante o conflito de um irmão. Temos que envolver o coração[1].





[1] Papa Francisco, Encontro superiores religiosos, La Civiltà Cattolica, 03.01.2014.

19/04/2015

18. Fé e Sociabilidade

SÃO PAULO APÓSTOLO: 1Acolham o fraco na fé, sem lhe criticar os escrúpulos. 2Um acredita que pode comer de tudo; outro, sendo fraco, só come legumes. 3Quem come de tudo, não despreze quem não come. E quem não come, não julgue aquele que come, porque Deus o acolhe assim mesmo. 4Quem é você para julgar um servo alheio? Se ele fica de pé ou cai, isso é lá com o patrão dele; mas ele ficará de pé, pois o Senhor é poderoso para o sustentar (Rm 14,1-4).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: A sociabilidade, como verdadeira virtude, se fundamenta na fé. Pela fé vemos todos os homens como filhos de Deus e como irmãos no “Pai nosso”. Pela fé vemos todos como pessoas, às quais somos devedores da verdade, da edificação e da oração.

REFLEXÃO: Podemos perguntar-nos: de que forma conservamos a fé? Guardamo-la para nós, na família, como um bem privado ou sabemos partilhá-la com o testemunho, o acolhimento e a abertura aos outros? Não devemos guardar a fé num cofre-forte[1]. A fé pode tudo! É vitória! E seria belo se repetíssemos isso também nós, porque, muitas vezes, somos cristãos derrotados. A Igreja está cheia de cristãos derrotados, que não acreditam que fé é vitória. Se nós cristãos acreditamos confessando a fé, também protegendo, fazendo a custódia da fé e confiando em Deus, seremos cristãos vencedores. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé[2].




[1] Papa Francisco na missa da peregrinação das famílias, 27/10/2013.
[2] Papa Francisco, Casa Santa Marta, 10 de janeiro de 2014.

15/04/2015

59 - Saber relacionar-se consigo mesmo

SÃO PAULO APÓSTOLO: 32Eu gostaria que vocês estivessem livres de preocupações (1 Cor 7,32).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Uma pausa, então? Sim, necessária. Porém, não ociosa, mas para reforçar a plataforma de lance, levantar melhor o voo, redobrar as forças... Orientar os corações, para onde estão os verdadeiros bens. A pessoa reta sabe viver na sociedade e sabe comportar-se sozinha decorosamente. Quem de bom grado busca a solidão realizará o bem na sociedade. Quem não sabe estar consigo mesmo encontrará muitos perigos em suas relações com as pessoas.



REFLEXÃO: Para a vida comunitária dar certo, ela precisa de uma boa medida de solidão. Por mais paradoxal que pareça, somente quando a pessoa gosta de estar sozinha é que gostará também de estar com outras pessoas, e será capaz de conviver com elas. A capacidade e a experiência da solidão são importantes principalmente para a vida espiritual. O teólogo evangélico Paul Tilich disse: ‘Religião é aquilo que cada pessoa faz de sua solidão’[1].






[1] GRÜM, Anselm. SARTORIUS, Christiane. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 2. ed.2008, p.145

12/04/2015

17. Gentileza e cortesia em todos os lugares

SÃO PAULO APÓSTOLO: 8Finalmente, irmãos, ocupem-se com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso, ou que de algum modo mereça louvor. (Fl 4,8).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O viver juntos, supõe aceitação das normas de cortesia, urbanidade, gentileza, em todos os lugares, especialmente quando se está em companhia. O viver juntos supõe a disposição para perdoar os erros e os males e para lembrar os benefícios recebidos; ser sempre iguais e simples, sem orgulho na sorte e na honra; mas sem abatimento nas contradições.

REFLEXÃO: Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da comunicação humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o desafio de descobrir e transmitir a “mística” de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada. Assim, as maiores possibilidades de comunicação traduzir-se-ão em novas oportunidades de encontro e solidariedade entre todos. Como seria bom, salutar, libertador, esperançoso, se pudéssemos trilhar este caminho! Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem. Fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos[1].



[1] Papa Francisco, Evangelli Gaudium, 2013, n.87.

MENSAGEM AOS JOVENS


08/04/2015

58- O estímulo de um verdadeiro amigo

SÃO PAULO APÓSTOLO: 33Não se deixem iludir: as más companhias corrompem os bons costumes. (1 Cor 15,33).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O estímulo de um verdadeiro amigo é um dos estímulos mais eficazes para o domínio de si próprio e para a prática do bem. Realmente, a verdadeira amizade, como diz Bossuet, é "uma aliança entre duas almas que se unem para praticarem o bem". A verdadeira amizade é desinteressada, paciente até o heroísmo, sincera e cristalina. Não conhece o fingimento, nem a hipocrisia, louva o amigo pelas suas boas qualidades, mas com santa liberdade se descobre os defeitos e as fraquezas com a finalidade única de corrigi-los. Mas não tem nada de sensual. Preza e ama unicamente o valor moral do amigo. "A amizade, diz ainda Bossuet, é a perfeição da caridade". Por isso, não pode haver verdadeira amizade, se não se apoiar na virtude.



REFLEXÃO: A caridade deve ensinar-nos que a amizade é uma coisa santa e que não é nem caridoso nem santo fundar a nossa amizade na mentira. Podemos, em certo sentido, ser amigos de todos os homens, porque não há homem na terra com quem não tenhamos algo em comum. Mas seria falso tratar com intimidade um grande número de homens. Não é possível ser íntimo senão de poucos, porque são muito poucos no mundo com quem temos tudo em comum[1].



[1] MERTON, Thomas. Homem algum é uma ilha. Tradução: Timóteo Amoroso Anastácio. Campinas: VERUS, 2003, p.25. 

05/04/2015

16. O que supõe o viver juntos?

SÃO PAULO APÓSTOLO: 23Evite questões bobas e não educativas. Você sabe que elas provocam brigas. 24Um servo do Senhor não deve ser briguento, mas manso para com todos, competente no ensino, paciente nas ofensas sofridas (2Tm 2,23-24).

BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: O viver juntos, supõe um caráter afável, sociável, otimista; herança da natureza e, em parte, fruto da educação; uma mente aberta, solícita, compreensiva, inclinada a interpretar favoravelmente os outros; atitude digna para com os pobres, os que sofrem, os dirigentes e os próprios companheiros.

REFLEXÃO: Como sou fiel a Cristo? Sou capaz de “fazer ver” a minha fé com respeito, mas também com coragem? Estou atento ao próximo, dou-me conta de quem tem necessidades, vejo em todas as pessoas, irmãos e irmãs que devo amar?[1]


[1] Homilia do santo padre Francisco, Praça de São Pedro, 19 de Maio de 2013

01/04/2015

57 - A verdade no diálogo

SÃO PAULO APÓSTOLO: 10Por acaso é aprovação dos homens que estou procurando, ou é aprovação de Deus? Ou estou procurando agradar aos homens? Se estivesse procurando agradar aos homens, eu já não seria servo de Cristo (Gl 1,10).



BEM-AVENTURADO TIAGO ALBERIONE: Nas discussões não se deve buscar a satisfação do orgulho e o triunfo das próprias ideias, mas a verdade. É raro que nas opiniões dos adversários não haja uma parte de verdade que até então nos havia fugido; escutar com atenção e imparcialidade as razões dos adversários e reconhecer aquilo que é justo em suas observações é sempre o melhor meio para se aproximar da verdade e conservar as leis da humildade e da caridade.



REFLEXÃO: O ideal comunitário não deve fazer esquecer que toda a realidade cristã se edifica sobre a fraqueza humana. A “comunidade ideal”, perfeita, ainda não existe: a perfeita comunhão dos santos é meta na Jerusalém celeste. O nosso é o tempo da edificação e da construção contínua: sempre é possível melhorar e caminhar juntos para a comunidade que sabe viver o perdão e o amor. As comunidades, na verdade, não podem evitar todos os conflitos. A unidade que devem construir é uma unidade que se estabelece a preço da reconciliação. A situação de imperfeição da comunidade não deve desencorajar[1].


[1] A vida fraterna em comunidade, 1994, n.26.