29/05/2014

De onde deve partir a comunicação paulina?

Quando um jovem começa acompanhamento conosco é comum acontecer, logo de cara, certo encantamento pelo nosso carisma, certamente pelo seu caráter dinâmico e sua inserção no mundo contemporâneo. Ao entrar para a Congregação, talvez um dos primeiros desejos seja o de comunicar, utilizar as ferramentas e os meios. Entretanto, não podemos esquecer-nos de algo fundamental que deve, necessariamente, anteceder a arte da comunicação: o “preparar-se”. Nisto, não estou me referindo à preparação técnica (pelo menos não como fundamento), mas à mística, esta que deve ser a “alma” da nossa comunicação.

Àqueles que buscam ser paulinos comunicadores, Alberione alerta:
“Educai-os a rezar e extrair dos Sacramentos da penitência e da Eucaristia aquilo que a natureza não pode dar, a força para não cair, a força para ressurgir; sintam, desde jovens, que sem o auxílio destas energias sobrenaturais eles não conseguirão ser nem bons cristãos, nem simplesmente homens honestos (Alma e Corpo pelo Evangelho, p.257).”
Mas, nossa missão não é comunicar? Sim, “evangelizar na cultura da comunicação”. Aqui podemos dizer que a técnica ou o método utilizado exercem particular importância, entretanto, não é o ponto de partida da comunicação realmente eficaz (pelo menos não em sentido Cristão). Comunicar sim, mas o quê? Eis a questão! Esse “o quê” compete à mística potencializá-lo. Neste sentido, sem uma espiritualidade sólida, embasada e formada em Cristo, a comunicação humana torna-se frágil e “insuficiente em tudo”.

Muitos autores falam do silêncio de Deus na Criação, esse silêncio divino que nos remete ao nada. Ou seja, Deus que, antes de conceber sua obra criadora, faz uma pausa silenciosa e criativa. Cristo, antes de realizar seus maiores feitos e milagres, recolhe-se na intimidade com o Pai. Assim, também, deve esforçar-se por ser o paulino comunicador, antes de tudo espiritual. Sobre a vida interior afirma Pe. Alberione: “A principal obrigação do homem, do Cristão, do religioso e do sacerdote é a oração. Não poderemos dar nenhuma contribuição melhor para a Congregação do que a oração”. Esta deve ser a base e a alma de todo nosso comunicar. “A oração, portanto, antes de tudo, acima de tudo, vida de tudo”. Sem ela, todo nosso dizer se faz ruído no coração humano e não realiza sua função transformadora.


Que os perigos da pressa e do encanto pelos meios não nos afastem da “mística da comunicação”. Não obstante às preocupações e necessidades apostólicas, que saibamos priorizar o tempo para a meditação e para aquela pausa renovadora, conforme indica o Pe. Alberione:
“Uma pausa, então? Sim, necessária. Porém, não ociosa, mas para reforçar a plataforma de lance, levantar melhor o voo, redobrar as forças, estabelecer definitivamente a vida em Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, orientar os corações, para onde estão os verdadeiros bens”. 

Dessa pausa silenciosa e, ao mesmo tempo, dinâmica e criadora, deve fundamentar-se a nossa missão, o nosso apostolado.

Que Maria, mulher da contemplação e da ação, aquela que soube dar ao mundo o Melhor de si (Jesus Cristo), ajude-nos a oferecer às pessoas, sempre com maior profundidade, o Verbo feito Palavra comunicada.

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