24/09/2016

Los últimos momentos de Don Alberione

(Del Diario del P. Antonio Speciale, su secretario)
2 junio de 1969: [El Primer Maestro] pasa la jornada rezando y leyendo, y dice a quienes le están cercanos: “Ahora sólo puedo rezar y leer”. Cuando se cansa de pasear rezando el rosario, se sienta en el escritorio y trascurre el tiempo rezando con el librito de nuestras oraciones...

2 noviembre de 1969:
El Primer Maestro esta mañana celebra la misa en el altarcito a las 5,30; después se retira en su habitación para la oración de acción de gracias. A eso de las 7,30 empiezan a dejarse sentir los dolores, que le desarman... Dice a la Hna. que le asiste: “¡Rézame una oración!”

1° febrero de 1970: Hacia las 19, se prepara a la confesión con el libro de nuestras oraciones y con su cuadernillo.

16 febrero de 1970: El Primer Maestro celebra la misa en su altarcito, como de costumbre, a eso de las 5,30; después se retira en la habitación para la acción de gracias. Los dolores le atormentan a intervalos... A determinada hora le encuentro, sentado en el escritorio con el librito de las oraciones, y repite: “Allá arriba está nuestra patria”.

14 marzo de 1971: Hacia las 19, como norma, se queda solo rezando con el librito de nuestras oraciones y revisando su cuadernillo con apuntes y propósitos, esperando al confesor.

10 noviembre de 1971: Por la tarde... reza el santo rosario con la Hna. Judit y el Hno. Silvano...; luego desea quedarse a solas para rezar con el librito Las oraciones de la Familia Paulina; prefiere recitar alguna oración a Jesús Maestro, otra a la Reina de los Apóstoles, otra a san Pablo. Se confiesa antes de cena...

26 noviembre de 1971 [último día de vida]: Hacia las 3,30 de la mañana, recibe la unción de los enfermos y asiste a la misa celebrada en el altarcito de su habitación, donde los últimos tres años ha celebrado todas las mañanas... – A eso de las 6 se logra captar algunas palabras, que son las últimas salidas de sus labios: “Muero... Paraíso... Rezo por todos”.


12/09/2016

Alberione: místico ou comunicador?

Padre Alberione é comumente conhecido como o “profeta da comunicação”, como de fato o foi. Entretanto, queremos, aqui, voltar o nosso olhar sobre o homem interior, o Alberione sempre aberto à ação do Espírito, pois, conforme indica Diretório de comunicação da Igreja no Brasil, n. 99, “a comunicação não é simplesmente uma ação externa, técnica e sistemática, é a expressão do amor maior”. Para falar do Alberione comunicador é preciso lembrar que, bem antes de se tornar o líder religioso, ele foi o menino simples e humilde da lavoura, que cresceu num ambiente de total simplicidade, donde pode aprender que “as obras de Deus devem começar do nada, em absoluta pobreza, como na gruta de Belém”. Sua própria experiência interior vai refletir esse desapego.

Não podemos, de maneira alguma, restringir a vida espiritual de Pe. Alberione a uma ou duas experiências de êxtase, pois foi uma vida inteira doada e sentida no amor misericordioso de Deus, a começar em casa com o exemplo da mãe. No entanto, um episódio marcante e decisivo em sua missão ocorreu aos 16 anos, quando este já era seminarista. Seu chamado se confirma num autêntico diálogo com Cristo Eucarístico, na Catedral de Alba, Itália, encontro que dura quatro horas. Jesus anima-o: “eu estou com você”. Após a adoração e motivado pelas palavras do papa Leão XIII, que dizia: “a salvação de toda humanidade só pode vir de Cristo”, o jovem Alberione “sentiu-se profundamente obrigado a preparar-se para fazer alguma coisa pelo Senhor e pelas pessoas do novo século”. Realiza-se aí uma profunda experiência de amor, do qual Alberione faz-se “prisioneiro fiel” até o fim da vida. Quem ama, naturalmente, não consegue guardar para si o amor que sente, pois, como afirma o papa Francisco, “se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?”.

Embora não exista nenhum tratado das experiências “místicas” de Pe. Alberione – pois ele próprio não tinha o hábito de relatá-las – ele foi um homem de profunda interioridade e raro equilíbrio. Basta recorrer às as inúmeras orações compostas por ele para percebermos a profundidade com que viveu sua missão. Numa de suas orações, Alberione afirma: “somos fracos, ignorantes, incapazes e insuficientes em tudo – no espírito e na cultura, na missão e na pobreza”. Tamanha humildade, contudo, não seria reflexo de verdadeira experiência mística? Como diz São João da Cruz, “estando a alma naquele excesso de altíssima sabedoria de Deus, toda a sabedoria humana torna-se evidentemente baixa ignorância”.

A vocação de Pe. Alberione não surgiu de uma experiência isolada ou meramente intimista, mas nasceu num contexto de inquietações e conflitos de uma sociedade sedenta por paz e libertação. Entretanto, poderíamos nos perguntar, onde está a mística nisso tudo? Segundo o italiano Marco Vannini, um estudioso da mística, “uma das acusações que se faz – ou que se fazia – mais frequentemente à mística é a de por o homem em uma dimensão totalmente interior, separada do mundo, da história, do convívio humano, da política, ou, dito em poucas palavras, em uma dimensão abstrata, de fuga da vida real (“fuga mundis”). Aliás, neste sentido, é justamente o contrário, pois riqueza e profundidade interior desembocam sempre, naturalmente, na ação. A história está cheia de figuras de místicos que foram homens (e mulheres) de contemplação e, ao mesmo tempo, fortemente ativos em seu tempo”. Nesta perspectiva, quem conheceu Pe. Alberione, bem sabe que nele, a expressão “ora et labora” cumpria-se fielmente. Era um homem prático, decidido, vivaz e um comunicador incansável... Tudo isso porque, antes, se fez “amigo” de Deus. A intimidade com Deus era o que dava sentido ao seu apostolado e à sua maneira de comunicar o Amor. Nada fazia sem o auxílio divino. “A oração antes de tudo, acima de tudo, vida de tudo”.

Portanto, podemos dizer que, em Alberione, mística e comunicação são duas vias inseparáveis. Para ele, uma coisa era clara: antes do anúncio da Palavra eram necessárias a meditação, a adoração, o silêncio. Não o silêncio infértil, mas criativo, fecundo, capaz de gerar verdadeira comunicação. Como afirmou Bento XVI, “o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo”. Sem a dimensão mística, portanto, as técnicas são insuficientes, incapazes de transformar e sacralizar a realidade. “A mística do comunicador – afirma o Diretório – está relacionada com seu processo criativo, sua busca por informações, seu modo de interpretar os fatos, de inovar a linguagem e buscar outros estilos de comunicar. O comunicador é um místico, e o místico é um comunicador”.

(Autor Francisco Galvão)